Nos últimos dois anos, a qualidade do ar tem sido um tópico amplamente discutido devido à pandemia de Covid-19. Dessa forma, o setor de refrigeração e climatização sofreu impactos diretos.
Durante a pandemia, as boas práticas de descontaminação e renovação de ar ganharam força. O período também fomentou o desenvolvimento de projetos, as atividades da indústria e a prestação de serviços no mercado de climatização.
Nesse contexto, a Associação Brasileira de Ar Condicionado, Refrigeração, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA), explica que os ambientes sem climatização, sem ventilação ou sem manutenção adequada são insalubres e prejudiciais à saúde.
Dessa forma, é bastante claro que o período pandêmico intensificou as atividades do setor. Mas qual o contexto vivido hoje pelo setor? É o que veremos a seguir.
Como a pandemia afetou o setor de refrigeração e climatização?
Para entender melhor as repercussões da pandemia no setor, tem-se a pesquisa denominada “Termômetro ABRAVA – Resultados 2021 e Perspectivas 2022”, realizada com 75 empresas associadas nas duas primeiras semanas de 2022.
De acordo com o estudo, “a crise causada pela pandemia foi desigual, pois afetou mais famílias de baixa renda. No entanto, famílias de média e alta renda elevaram gastos, favorecendo especialmente os segmentos de Ar Condicionado e Refrigeração em 2021”.
Essa diferença no consumo das famílias de acordo com a renda interfere de forma significativa no cenário. “Com inflação elevada, vimos uma perda de renda e poder de compra, afinal os preços subiram”, afirma Guilherme Moreira, economista e coordenador do Departamento de Economia e Estatística (DEE) da ABRAVA.
Por outro lado, o economista enfatiza que os bons resultados do setor da construção civil para imóveis de médio e alto padrão aqueceram o mercado em 2021. “E continuará assim em 2022, uma boa notícia para a área de ar condicionado residencial e equipamentos centrais. Mas em 2023, deve haver uma desaceleração”, alerta Moreira.
O varejista Toríbio Rolon, VP do DN de Comércio da ABRAVA, também opina sobre o tema. “Para as classes mais altas, o split e as instalações serão mais procurados, enquanto para as menos favorecidas, haverá maior demanda por manutenção de equipamentos, como trocas de compressor e filtros”, exemplificou.
Nesse cenário, o representante da indústria, Matheus Lemes, Presidente do DN de Ar Condicionado, aponta a importância da digitalização do setor.
Segundo Lemes, o mercado tem provado uma digitalização da prestação de serviços, já usado pelo comércio ao buscar prestadores de serviço, abrindo inclusive oportunidades para empresas de pequeno e médio porte e MEIs.
A mudança na mentalidade
Segundo o engenheiro Marcelo Munhoz, sócio da Sicflux e presidente do Departamento de Qualidade do Ar Interno da ABRAVA, a pandemia trouxe mudanças estruturais quando o assunto é qualidade do ar.
“Houve mudanças muito positivas no HVAC-R, que passou a dar mais atenção às boas práticas em todos os aspectos, como melhor renovação de ar, aumento do grau de filtragem, bem como a realização de um maior volume de análises de qualidade do ar”, afirma.
Munhoz esclarece que, antes da pandemia, convencer os empresários sobre a importância das boas práticas de filtragem e qualidade do ar não era uma tarefa simples.
“Com a pandemia estampando óbitos e a sociedade sendo massacrada com informações, hoje, é muito mais fácil exemplificar e provar que cuidar da qualidade do ar é essencial”, garante.
Instalação de sistemas de refrigeração e climatização: uma discussão necessária
O sócio da Sicflux explica que os sistemas de filtragem, renovação e descontaminação do ar impactam diretamente a saúde de quem circula pelos ambientes climatizados.
“Processos com problemas de execução, no caso da qualidade do ar de interiores, são pródigos em desencadear doenças respiratórias, principalmente no inverno. Levantamento feito pelo SUS mostra claramente que junho, julho e agosto são os meses com a maior taxa de pessoas com doenças respiratórias, pois é justamente no inverno quando elas ficam mais enclausuradas em ambientes fechados, evidenciando que precisamos tratar do ar que respiramos”, pontua Munhoz.
É nesse cenário que se reforça a utilização do PMOC – Plano de Manutenção, Operação e Controle.
O documento se tornou obrigatório a partir da Lei Federal nº 13.589/2018 e diz respeito ao conjunto de procedimentos, laudos e relatórios referentes à inspeção dos sistemas de climatização.
De forma simplificada, o PMOC deve conter a identificação do estabelecimento que possui ambientes climatizados, descrição e periodicidade das atividades e recomendações em caso de falhas do equipamento ou emergências.
Para Munhoz, a vigência da legislação trouxe avanços importantes em termos de qualidade do ar.
“No meu ponto de vista, avançou-se ao obrigar todos os estabelecimentos comerciais a fazer o certo, isto é, ter sempre em dia a manutenção e a limpeza dos sistemas, bem como manter uma renovação de ar adequada e obrigar a existência de um responsável técnico pelas instalações de HVAC-R”, declara.
Por outro lado, o engenheiro alerta que o setor precisa unir forças e punir profissionais e consumidores que tenham intenções de burlar a legislação, colocando a qualidade de vida de pessoas em risco.
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No post de hoje, mostramos um pouco do cenário de refrigeração e climatização no contexto pandêmico. Além disso, trouxemos a voz de especialistas da área para exemplificar os tópicos expostos.
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